A agência de classificação de risco Fitch Ratings entende que a aquisição da Companhia de Gás do Estado do Espírito Santo (ES Gás) pela Energisa é neutra para a qualidade de crédito desta última e de suas subsidiárias. Segundo a Fitch, a Energisa é classificada com os IDRs de longo prazo em moedas estrangeira e local BB e BB+, respectivamente, e com o rating nacional de longo prazo AAA(bra). A Perspectiva de todos os ratings é estável.

De acordo com a agência de risco, a aquisição aumenta a diversificação de negócios da Energisa, uma vez que o grupo ingressa no setor de distribuição de gás natural, caracterizado por moderado perfil de risco e fortes perspectivas de crescimento. O impacto financeiro é reduzido, com leve aumento de 0,1 vez na projeção de alavancagem líquida consolidada da companhia para o final de 2023, em comparação com as premissas do cenário de rating anterior. Pelas estimativas atuais da Fitch, a Energisa reportará alavancagem líquida de 3,3 vezes em 2023 e 2024, abaixo do índice de 3,5 vezes considerado como limite para os IDRs. Isto inclui o aumento de capital de R$ 1,4 bilhão em ações preferenciais, realizado em fevereiro passado.

A ES Gás é a nona maior distribuidora de gás do Brasil em termos de volume, com uma rede de 519 quilômetros. E em 31 de março, a Energisa anunciou a assinatura de um contrato vinculante para a aquisição de 100% das ações da ES Gás, pertencentes ao governo do Estado do Espírito Santo (51%) e à Vibra Energia. O valor da empresa, de R$ 1,3 bilhão, compreende desembolso de R$ 1,4 bilhão para o patrimônio líquido e para a posição líquida de caixa da ES Gás, de R$ 161 milhões ao final de 2022. A conclusão da transação e o desembolso de caixa devem ocorrer até agosto de 2023, após as aprovações regulatórias.

A Fitch estima que o ebitda da ES Gás tenha ficado em torno de R$ 215 milhões em 2023. O montante envolvido na aquisição é reduzido em relação ao ebitda consolidado, estimado em R$ 6,4 bilhões em 2023. No entender da agência, a Energisa tem comprovada flexibilidade financeira, e o desembolso para a aquisição representará um esforço administrável em termos de liquidez. Ao final de 2022, o grupo reportava posição de caixa de R$ 5,8 bilhões e dívida de curto prazo de R$ 7,1 bilhões. E a dívida líquida consolidada era de R$ 21,7 bilhões e deve aumentar em torno de 6% com o desembolso para a aquisição.